Idoso de 99 anos foi enterrado no lugar de falso médico que forjou a própria morte, mostra serviço funerário de Guarulhos

  • 24/06/2025
(Foto: Reprodução)
Informações divergentes estão no documento e site do órgão da prefeitura. Antes constava o nome de Fernando Dardis no cemitério, mas depois foi trocado pelo do idoso. MP descobriu fraude do falso médico acusado de inventar morte. Ele é procurado por matar duas pacientes. Fernando Henrique Dardis trabalhou como médico em hospital e é suspeito de forjar a própria morte e sepultamento Reprodução/TV Globo Um idoso de 99 anos foi enterrado no Cemitério Municipal Campo Santo no lugar de um falso médico de 43 anos que é investigado por suspeita de forjar a própria morte e o seu sepultamento no mesmo local em Guarulhos, na Grande São Paulo. As informações constam do site oficial do Serviço Funerário Municipal e foram confrontadas com um documento da Secretaria de Serviços Públicos da Prefeitura de Guarulhos. (Veja fotos abaixo). No domingo (22), o Fantástico revelou o caso de Fernando Henrique Dardis, que trabalhou como médico mesmo sem ter diploma na Santa Casa de Sorocaba, no interior paulista, e depois fingiu ter morrido. Foragido da Justiça, ele é procurado por conta da morte de duas pacientes em 2011 e 2012 ao prescrever remédios e não saber dar o atendimento necessário às vítimas. Fernando responde por homicídio por dolo eventual (quando se assume o risco de matar) e ainda não foi julgado pelos crimes. A defesa dele considera injusta e desproporcional a acusação contra ele. Em um vídeo, o falso médico disse que vinha "a público esclarecer que está vivo" e agiu sozinho "em um momento de desespero". (Leia mais ao final.) Site e documento da prefeitura informam que houve troca de nomes de quem foi enterrado no cemitério de Guarulhos. Antes era Fernando Dardis, depois um idoso Reprodução/Fantástico No entanto, de janeiro a março deste ano, Fernando era considerado oficialmente morto. Constava que ele estava enterrado na sepultura "27" do conjunto "9" da quadra "P" do cemitério municipal de Guarulhos, de acordo com um documento da Secretaria de Serviços Públicos da Prefeitura, responsável pelo Departamento de Serviços Funerários da cidade, obtido pela reportagem. Entre as informações no documento oficial estavam o nome de Fernando, e que ele havia morrido em 5 de janeiro de 2025 e sido sepultado no dia seguinte. Constavam ainda a cor dele, "parda", a data do seu nascimento, em 2 de janeiro de 1982, e a idade de 43 anos. Mas o sepultamento dele nunca ocorreu porque ele não morreu. A Justiça iria arquivar os processos contra Fernando já que ele havia morrido, conforme um atestado de óbito falso. Esse documento informava que ele teria falecido por sepse no Hospital Brás Cubas em Guarulhos, que é da família dele. No entanto, a fraude foi descoberta depois que o falso médico decidiu atualizar os documentos num cartório de Guarulhos. Após ter conhecimento dessa farsa, o MP pediu a prisão preventiva do acusado, que foi decretada em maio pela Justiça. Até a última atualização desta reportagem ele ainda não havia se entregado nem sido preso. Troca de nomes Documento e informação de site mostram que, antes, o nome que constava como do morto no cemitério municipal de Guarulhos era de Fernando Dardis, de 43 anos, e depois passou a ser o de Elias, um idoso de 99 anos Reprodução/Prefeitura de Guarulhos Depois disso, o nome de Fernando desapareceu do sistema Serviço Funerário Municipal da Prefeitura de Guarulhos, segundo funcionários do cemitério ouvidos pelo Fantástico. E foi trocado pelo do senhor Elias. De acordo com informações desta terça-feira (24) do site do órgão, é o idoso de 99 anos quem realmente morreu em janeiro deste ano. E é ele quem está enterrado na mesma sepultura onde antes era atribuída ao falso médico. Elias era branco e nasceu em 13 de julho de 1928, segundo a prefeitura. Ainda de acordo com o registro oficial do serviço funerário, ele morreu e foi sepultado no mesmo dia: 6 de janeiro deste ano. A causa da morte dele não foi informada. A equipe de reportagem tenta contatar seus familiares para comentar o assunto. O que diz a Prefeitura de Guarulhos Por meio de nota, a Prefeitura de Guarulhos informou que identificou o corpo de quem foi enterrado no cemitério no lugar de Fernando, mas não quis confirmar qual é o seu nome: "A Prefeitura também esclarece que levantou a documentação de quem está sepultado e, por questões éticas e por decisão da própria família, não divulgará a identidade." Também por comunicado, a prefeitura confirmou à equipe de reportagem que procurou familiares de quem está enterrado na sepultura 27, que, de acordo com o site, se chama Elias. "A Prefeitura entrou em contato com a família de quem está enterrado na sepultura mencionada, porém a pedido da própria família não iremos fornecer informações adicionais sobre esta pessoa", informa. Ainda de acordo com a administração municipal "foi aberta pela Secretaria de Justiça uma sindicância para investigar possível fraude localizada nos registro do cemitério". E, caso descubra se os envolvidos são funcionários públicos, irá "aplicar as devidas punições". MP poderá pedir exumação do corpo Falso médico já tinha condenação na justiça O Fantástico esteve neste mês no cemitério e constatou que não há nenhuma identificação de quem morreu sobre o jazigo que antes era atribuído a Fernando. O g1 apurou que a prefeitura investiga se havia alguma placa com nome no local ou se alguém a retirou para consumar a farsa. Também será verificado se alguém trocou os nomes de Elias pelo de Fernando no sistema. Apesar de a identificação do sistema da prefeitura apontar que quem está enterrado no local é Elias, o Ministério Público deverá pedir que uma investigação policial seja feita para que o corpo seja exumado e passe por exames, como DNA, para confirmar a sua identidade. "Caso a exumação seja solicitada pelo Ministério Público, será realizada", informa nota da prefeitura de Guarulhos. Em 2012, Fernando foi condenado pela Justiça por portar distintivo da Polícia Civil e carregar munições em seu carro, mesmo não sendo policial. O caso ocorreu em 2009 em Guarulhos. À época ele havia dito a Polícia Militar (PM) que encontrou o material dentro de uma mochila e o iria entregar numa delegacia. Até 2019, Fernando usava o sobrenome Guerreiro, mas depois conseguiu autorização para assinar Dardis, que herdou do pai biológico. MP quer apuração do Gaeco Falso médico vira réu por morte de paciente e forja a própria morte para fugir da Justiça De acordo com o promotor Antônio Domingues Farto Neto, existe a possibilidade de o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP de Guarulhos participar das investigações sobre o caso porque há suspeita do envolvimento de mais pessoas no esquema criminoso. O Fantástico recebeu uma nota da empresa Med-Tour, que não aparece como sócia do Brás Cubas, mas é de propriedade da família de Fernando. Ela informa que os proprietários receberam com surpresa a notícia narrada pela reportagem e negam envolvimento em qualquer irregularidade. Procurada pelo g1 para comentar o assunto, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) informou, por meio de um comunicado, que irá apurar o caso do falso médico que atendia pacientes em hospital. Questionada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) respondeu que as operações policiais para localizar e prender Fernando estão em curso e que os detalhes serão preservados até a sua eventual captura. Quem tiver informações sobre o paradeiro de Fernando pode telefonar para o número 181 do Disque-Denúncia. Não é preciso se identificar. O que diz o falso médico Investigação: Fantástico descobre paradeiro de homem que simulou a própria morte pra fugir da justiça Entre 2011 e 2012, Fernando atendeu a diversos pacientes, entre eles duas mulheres que morreram após tomarem remédios prescritos nas consultas. Uma delas foi Helena Rodrigues, que teve um infarto. A outra vítima foi Therezinha Monticelli Calvim, que, segundo a acusação, morreu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) porque o falso médico não soube dar o encaminhamento correto a ela. A nova defesa do falso médico considera injusta e desproporcional a acusação de homicídio feita ao cliente, assim como o pedido de prisão preventiva. E decidiu no domingo enviar um vídeo ao Fantástico, em que o falso morto e foragido da Justiça, se defende. "Venho a público esclarecer que estou vivo, que agi sozinho em um momento de desespero. Lembrando que a dona Helena foi atendida por mim, foi internada, passou por mais três médicos e veio a óbito. Eu não aceito por não ter nada no processo que me indique esse crime e desculpa a todos os envolvidos", disse Fernando na gravação (veja vídeo acima). Fernando não explicou quem foi enterrado na sepultura que estava no nome dele. Questionado se seu cliente irá se apresentar à polícia, já que tem um mandado de prisão contra ele, o advogado Luiz Antonio Nunes respondeu que ainda não teve retorno de Fernando, mas que a orientação em casos assim é de que alguém procurado se entregue. "Ainda não obtive esse retorno do meu cliente, embora essa seja a orientação da defesa", informou.

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/06/24/idoso-de-99-anos-foi-enterrado-no-lugar-de-falso-medico-que-forjou-a-propria-morte-mostram-site-e-documento-de-prefeitura.ghtml


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